"Um espaço ao ar livre, na grama, nos degraus - um espaço bem a gosto de Brasília, em que podia fazer seresta, as pessoas poderiam estar em volta se beijando, namorando. Para uso noturno, principalmente", era o que Darcy queria. Porém, Darcy não viu pronta a construção. O prédio da Fundação foi concluído em 2010.
Então, seu amigo Lelé começou os esboços não de um memorial, ou de uma fundação, menos ainda uma biblioteca ou um beijódromo. Desenhou "o sonho do amigo Darcy Ribeiro, sua última morada, a casa que ficou lhe devendo desde os anos 1960, quando, desbravando a imensidão do cerrado, impressionavase com o céu repleto de estrelas que se confundia com a linha do horizonte."
Darcy queria uma sala ampla, com estantes deslizantes onde os alunos pudessem tocar e escolher os livros pesquisados, como quem fala com eles. Darcy sonhava com uma casa aberta, chegou a pensar em um espaço para instalar redes, um redódromo, no Beijódromo. Solicitou ao Arquiteto que inventasse uma “casa digna” para guardar seus livros e lembranças.
Tanto pode lembrar um disco voador (o lado empreendedor de Darcy Ribeiro), quanto uma maloca indígena (o lado antropólogo) - assim Lelé define o Memorial erguido na UnB, um projeto que reflete a dualidade entre o passado e o modo de ser de Darcy. Foi o próprio Darcy Ribeiro quem incentivou Lelé a aprender como os índios construíam.
Foram cinco meses para detalhamento, fabricação e montagem do edifício; 2.544m² de área coberta, mais 1.030m² do lago circundante; 5,5 milhões de reais gastos com a construção e todo os móveis do edifício.
DE LELÉ PARA DARCY
"Darcy,
Foi assim que concebi uma 'casa digna' para guardar seus livros, seu 'beijódromo' e tudo o mais que você imaginar. Lembra um pouco um disco voador ou uma mistura de maloca dos xavantes com a dos kamayanás, que você tanto admira.
Sua característica marcante: uma grande cobertura, com 34 m de diâmetro e com um círculo central de 12 m, vazado, revestido de policarbonato transparente com lâminas externas de fibra de vidro, que evitam a transferência de calor para o interior. Na projeção dessa grande claraboia, um jardim de água viçoso (com árvores e beija-flores) que se integra aos dois pavimentos do edifício.
Para garantir seu conforto interno, imaginei circulação de ar por conversão e forçada por exaustores localizados no topo da cobertura. Nos meses de seca, nebulizacão mecânica da água do lago, criando uma espécie de névoa, será uma boa solução (mesmo correndo o risco de dar ao edifício um certo ar extraterreno) para aumentar o teor de umidade do ar insuflado e consequentemente estabelecer um microclima interno, mais ameno e necessário à preservação dos livros (...).
Seu amigo, Lelé. Brasília, 1996"
Outras obras de Lelé (João Filgueiras Lima):
BIBLIOGRAFIA:
http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/243/artigo313008-4.aspx
http://www.fundar.org.br/fundacao/abre.php?abre=34
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/12.133/4186
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/05/1459265-parceria-entre-darcy-ribeiro-e-lele-resultou-em-beijodromo.shtml
http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/206/no-memorial-darcy-ribeiro-em-brasilia-lele-adota-planta-circular-214801-1.aspx
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